Escadas rolantes para subir morros, um sistema de metrô que corta toda a cidade e grandes projetos de urbanismo levaram Medellín, na Colômbia, a vencer o prêmio Lee Kuan Yew, dado à projetos inovadores para cidades. Se você já ouviu falar mal de Medellín como capital do Narcotráfico, apague essa imagem, a cidade é uma ótima opção de visita para quem acredita que há esperança para cidades extremamente problemáticas. Neste texto, apresento as impressões de minha visita à cidade colombiana.
Nos últimos vinte anos Medellín conseguiu sair da imagem de capital do narcotráfico na América para exemplo de urbanização e inovação social. Pelos quatro cantos da cidade é possível avistar parques e projetos de transporte que realmente funcionam. As comunas – no Brasil chamadas de favelas – estão totalmente urbanizadas. Embora ainda carreguem o visual característico de favelas, existe saneamento básico e há segurança em caminhar por estes lugares.
Não que Medellín tenha erradicado a violência. Longe disso, a cidade ainda registra casos de tráfico e homicídios, mas são índices considerados baixos perto do que se registrava em 1990, quando existia uma guerra local do narcotráfico.
Em 2012 estive em Medellín e nunca imaginei que me depararia com uma cidade tão organizada, limpa e com pessoas tão educadas. O metrô de Medellín não passa por baixo da terra. Ele corta a cidade em duas linhas, ficando o trajeto em formato de uma cruz. A parte que vai de norte à sul fica na marginal de um rio que corta a cidade. Já a linha que corta de leste à oeste passa em um elevado que liga os dois morros que cercam a cidade, onde ficam as favelas.
E para o subir o morro, nada de sofrer caminhando em ladeira, em meio à traficantes em ruelas imundas. A limpeza é algo que chama a atenção e caminhar morro acima não é mais um exercício diário e sofrível para os moradores.
Na Comuna 13 a prefeitura instalou um conjunto de grandes escadas rolantes, que inclusive ajudou a dar o título à cidade. O vídeo abaixo mostra como isso funciona.
Medellín transformou a escada rolante e o teleférico em meios de transporte urbano. Outras cidades copiaram o teleférico de Medellín, mas sem o mesmo êxito. Lá é visível que o teleférico está realmente integrado ao transporte urbano, não é um elefante branco que apenas decora a paisagem.
A cidade tem muitos universidades e parques. O título de Medellín, entregue em Cingapura, destaca as inovações no Parque do Rio, no Jardim Circunvalar e nas Escadas Rolantes da Comuna 13.
Como prêmio, a cidade recebeu 300 mil dólares para investir em novos projetos. O prêmio foi entregue no domingo, 10/07, e o prefeito de Medellín, Federico Gutiérrez declarou: “Passar de ser conhecida como a cidade mais violenta do mundo a ser reconhecida como exemplo de inovação social e urbanismo social é importante”.
Visitando Medellín
Medellín transformou dificuldades em oportunidades. A cidade saiu de símbolo negativo e hoje caminha como exemplo de inovações. Porém, ir à Colômbia só para conhecer Medellín não é um bom plano. Vale, por exemplo, como fiz em 2012, como um ponto de passagem. Atravessei o país desde Cartagena (litoral) até a capital Bogotá. Medellín fica no meio do caminho e logo após está a “Zona Cafetera” da Colômbia, onde se pode conhecer a região forte de produção do café.
Como turista, valem dois dias em Medellín para conhecer a cidade e seus parques. Existe um ônibus turístico que faz um trajeto bem legal. A cidade tem bons hotéis, mas para quem está de passagem também vale procurar pelos albergues, que foi o meu caso. Me hospedei no Pit Stop Hostel. O bairro El Poblado é bem localizado, é seguro e tem boa infraestrutura de hospedagem, supermercados e estação de metrô. Também utilizei táxis na cidade e não tive problemas.
O passado negro de Medellín, aquele do narcotráfico e da violência, não é assunto preferido dos moradores da cidade. Eles são bem educados, mas não espere simpatia ao conversar sobre isso. Evidentemente que nos museus e com os guias dos parques esse assunto fica menos pesado. Falando em raízes, ao visitar a Colômbia, não deixe de tomar um café na rede Juan Valdéz, uma rede de cafeteria local que atualmente adota um modelo de negócio bem próximo do que é o Starbucks. Porém, a variedade de sabores é maior e você terá a oportunidade de degustar o legítimo café colombiano.
Ao visitar Medellín, não deixe de dar uma volta pelos teleféricos, onde é possível conhecer de perto as favelas sem correr riscos. O passeio principal inclui a Praça Botero, a pequena vila do Pueblito Paisa, o Jardim Botânico, o Parque dos Desejos (foto acima) e o Parque dos pés descalços.
O Parque dos Desejos e o Pés Descalços têm uma proposta bem interessante. No horário de almoço é comum ver muitas pessoas tirando um tempinho de folga por lá. Muitas crianças também são levadas pelas escolas de ônibus para esses parques. No Parque dos Desejos, que fica na parte mais central da cidade, existem chafarizes que atraem a criançada. Também existem vários pontos de sombra para que as pessoas deitem por alí mesmo. Abaixo coloquei algumas fotos de minha viagem.