Após pedido de recuperação, Justiça recebe enxurrada de ações contra 123 Milhas

A 123 Milhas entrou com pedido de Recuperação Judicial na Justiça de Minas Gerais e a notícia desta situação fez com que centenas de novos processos chegassem aos tribunais de justiça do Brasil nas últimas 24 horas.

MundoMochila acessou os sistemas de consultas dos tribunais de justiça de Minas Gerais e São Paulo, onde mais de 200 novas ações surgiram um dia após a conduta da empresa. Todos os processos são idênticos: pessoas que compraram pacotes turísticos e viram o sonho evaporar.

O que a 123 Milhas diz na Justiça?

A empresa argumenta que o seu tipo de negócio, de vender passagens abaixo do preço normal, era sim sustentável e que se inspirou em modelos já consagrados no exterior, como do site canadense Hopper.

A 123 Milhas alega que seu programa onde o cliente comprava a passagem sem saber a data do destino acabou por descapitalizar a empresa da seguinte forma: a 123 Milhas esperava que ao vender passagens aéreas o cliente comprasse também hospedagem e passeios, o que acabou não acontecendo (só 5% dos clientes compraram outros produtos). Ou seja, ela alega que pretendia ganhar na contratação de outros produtos e apenas perdeu, já que a passagem era vendida abaixo do preço de mercado.

A empresa também alega que esperava que após a pandemia o preço da passagem caísse, devido à recuperação do volume de ofertas de voos, e isso também não aconteceu.

Um terceiro ponto alegado pela empresa é que um de seus negócios, a comercialização de milhas de terceiros, ficou prejudicado porque as companhias aéreas restringiram a forma com que essas milhas poderiam ser utilizadas.

As notícias negativas contra a empresa são apontadas como a principal causa para o pedido de recuperação judicial. Para a 123 Milhas, essas notícias fizeram com que os fornecedores e passageiros exigissem seus créditos, o que em grande volume acabou por criar um problema para a empresa.

O processo no TJMG tem o número 5194147-26.2023.8.13.0024.

E o que é uma Recuperação Judicial?

A recuperação é uma medida jurídica que, se aceita pela Justiça, suspende o pagamento de credores até que a empresa apresente um plano estruturado de como pretende resolver esses problemas. Durante o tempo que a recuperação estiver vigente, a empresa pode continuar funcionando normalmente, até porque ela precisa gerar caixa para quitar suas dívidas, que são muito maiores do que ela pode resolver no momento.

Neste processo de falência os credores podem se habilitar para formar uma fila para receber o dinheiro de volta. Quem chega mais cedo tem uma maior chance de receber, mas a lei define regras. Por exemplo, os funcionários têm o direito de receber primeiro.

Para quem a 123 milhas deve?

No processo estão relacionadas milhares de empresas e pessoas para quem a 123 milhas deve dinheiro, seja de passagens compradas e não honradas, seja de fornecimento de serviços ou empréstimos bancários.

Na lista há de tudo. Desde pequenas pousadas pelo Brasil até gigantes de tecnologia, como o Google. A soma do rombo chega a R$ 2,3 bilhões (bilhões!!!).

O maior credor é o Banco do Brasil, para quem a empresa deve R$ 74 milhões. Na sequência vem o Banco BMP, com quem ela tem uma dívida de R$ 30 milhões.

No topo da lista também tem Google e Facebook e várias pessoas físicas, como uma pessoa identificada como Aline Goulart, para quem a 123 milhas deve R$ 2,6 milhões. Nas redes sociais o nome virou brincadeira. No Twitter usuários brincaram querendo saber quem era Aline.

O processo de recuperação não especifica quem são as pessoas e o que elas fizeram para ser credoras do negócio. Só é possível entender com o tempo, conforme os credores forem se habilitando no processo.

Porém a empresa 123 milhas é uma sociedade de três donos, que são irmãos, de Pimhui (Minas Gerais). Além de Aline, há outro credor chamado Alexandre Goulart, para quem a 123 milhas deve R$ 7 milhões. Ambos são empresários em Pimhu, o que pode indicar que são investidores próximos aos donos da empresa.

O que fazer agora se eu tenho uma viagem?

Em primeiro lugar, se informar na empresa como está a situação de sua viagem. Qualquer que seja a resposta, faça registro deste contato. Seja por e-mail, gravação telefônica. Em seguida, consulte um advogado.

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