É possível ir de carro de São Paulo até Manaus?

Sim, é possível e é uma grande aventura com vários riscos a se considerar. Fizemos essa viagem em julho de 2018 e levamos seis dias para concluir o trecho, sendo que metade deste tempo foi para atravessar o trecho de floresta amazônica. Confira agora o trajeto que fizemos e a porque é preciso se planejar para atravessar o pior trecho da viagem.

Rodovias com pista simples e asfalto desgastado é o que você vai encontrar na maior parte do trecho (foto: Renato Fonseca)

De São Paulo para Campo Grande

Há vários caminhos para iniciar sua jornada. Nossa viagem partiu de São Paulo para Campo Grande, a capital do Mato Grosso do Sul. Essa primeira jornada, de cerca de 13h, nos pareceu melhor do que seguir para Cuiabá. É que seguir de São Paulo direto para Cuiabá é muito cansativo (praticamente 24h de estrada) e no trecho entre a divisa de SP com MT até a capital existem cidades com estrutura hoteleira ruim. Vale destacar aqui que lá para frente as opções começam a ficar mais difíceis e é melhor você optar por uma boa estrutura enquanto pode.

Uma boa dica para comer em Campo Grande é o Restaurante Casa do Peixe. Não recebemos nada para falar disso: foi uma aposta às cegas que nos agradou muito.

De Campo Grande para Cuiabá

De Campo Grande para Cuiabá são cerca de 10h de viagem e a estrada é adequada. Tem pedágios e tem pista simples (coisas de Brasil). Existem trechos duplicados nesse meio, mas não são trechos longos.

Trecho da BR-364, rodovia que liga o Mato Grosso à Rondônia (foto: Renato Fonseca/ MundoMochila)

De Cuiabá para Porto Velho, com parada

A viagem de Cuiabá até Porto Velho é longa e não recomendamos fazer em período noturno. É que nesse caminho existe tráfego pesado. Após Cuiabá é comum encontrar trechos com caminhões de soja super carregados ou até tratores cruzando a rodovia. Depois, mais perto de Rondônia, é comum o tráfego pesado de caminhões ou até longos trechos com pouco tráfego.

Em nossa viagem optamos por seguir durante o dia até Sapezal, ainda no Mato Grosso. No dia seguinte tocamos de Sapezal para Rondônia. Nesse trecho existem partes da rodovia que passam dentro de algumas cidades, o que requer muita atenção com o tráfego urbano.

Trecho final

Trecho da BR319 entre Humaitá e Manaus, no Amazonas (foto: Renato Fonseca/ MundoMochila)

De Porto Velho para Manaus está a verdadeira aventura. O caminho é pela BR-319, uma das piores rodovias brasileiras. Se você se guiar pelo GPS provavelmente terá uma estimativa entre 12h e 14h. Não se engane. Fizemos este trecho em mais de 40 horas e a situação na rodovia não era das piores, segundo quem trafega por lá.

Esse trecho é muito bom apenas em seu começo, entre Porto Velho e Humaitá (AM). A partir de Humaitá é só barro, mato e “quebradeira”. Alguns motoristas com veículos sem tração tentam a jornada, mas nem todos chegam ao destino final.

O ideal é sair de Porto Velho de madrugada. O trecho entre a capital de Rondônia e o distrito de “Realidade” é muito tranquilo e ainda tem alguma estrutura.

Realidade é um distrito de Humaitá (AM). Antes de sair de Humaitá e partir para Realidade é importante saber que: Humaitá é a última cidade com estrutura de supermercados, lojas e restaurantes antes de entrar pra valer em trecho de floresta.

Então, ao chegar em Humaitá se informe sobre as condições da rodovia. No ano passado algumas pontes chegaram a cair e o tráfego flui de forma improvisada em dois trechos. Existe um posto da PRF no entroncamento da BR-319 com a Rodovia Transamazônica, ainda no trecho de asfalto. Após isso, o próximo posto de polícia está na chegada à Manaus, mais de 700 quilômetros depois.

A partir de Humaitá a estrutura hoteleira e de alimentação é muito precária. Na foto abaixo temos o melhor estabelecimento que vimos nessa região.

O conhecido “trecho do meio”, que vem após o distrito de Realidade e dura cerca de 300 km é perigoso em todos os sentidos, então evite passar a noite. Por isso reforço que o melhor é sair de Porto Velho de madrugada e chegar a este trecho ainda cedo. Locais para pouso na rodovia são precários. Mas se precisar dormir, opte por locais onde outros grupos já estejam parados.

A BR-319 é uma rodovia usada por moradores de Rondônia e Amazonas, mas também é muito usada por madeireiros e garimpeiros. No trecho existem restaurantes bem modestos, mas é extremamente importante levar água e comida para o trecho. Por que?

Primeiro porque se tiver que parar em um atoleiro você poderá ficar algumas horas por lá. E segundo, que muitas vezes a comida acaba sendo útil como um sistema de troca. Se houver trechos com atoleiros (e não é difícil ter) é comum encontrar pessoas há horas presas ali. Você ajuda e é ajudado.

Sinal de celular? Ali não tem.

Por isso é também importante planejar esta viagem. De julho a novembro é o período de menos chuvas na região e é portanto a melhor época para passar por ali.

Caso você chegue em Porto Velho e a BR-319 não for uma boa opção para você, é possível seguir viagem até Manaus pela balsa. São 6 dias de viagem pelos rios Madeira e Amazonas. Não é o objetivo inicial que você procurava, mas é uma maneira de não perder a viagem caso a rodovia esteja intrafegável ou se você não se sentir seguro em seguir por terra.

Importante
– O trecho final desta viagem necessita de um veículo 4×4.
– Leve corda, lanterna, água, comida e acessórios para passar por trecho acidentado.
– Se você não se sentir apto, não realize a viagem.

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MundoMochila é um site de turismo e entretenimento no ar desde 2017. Reformulamos site e conteúdo em 2022. Editor responsável: Renato Fonseca

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