A Itapemirim como companhia aérea foi uma aventura no setor aéreo que durou pouco mais de um ano e mostra como o Brasil é permissivo com situações que beiram o absurdo.

Em breve resumo, a Itapemirim era uma companhia de ônibus nacional que vinha mal das pernas nos últimos anos e afundada em dívidas vivia uma crise. Ela entrou então em um processo de recuperação judicial, que é um processo para evitar a falência de uma empresa. Um novo empresário comprou então a empresa em crise com a promessa de reestruturá-la. Para essa troca de comando houve anuência da Justiça e do Ministério Público.

Sem saldar a dívida e retirar a empresa de ônibus da crise, a mesma Itapemirim decidiu se arriscar no transporte aéreo com a justificativa que isso traria um novo mercado para a empresa. Nenhum órgão do governo ou da Justiça se opôs a isso e ao final sabemos a história. A Justiça decretou a falência da Itapemirim e seus bens que sobraram ainda podem ser negociados para saldar a dívida.

A empresa aérea não voltará a voar. Os aviões arrendados foram devolvidos aos donos. E o que sobrou disso tudo?

Sobrou que quando a empresa atuava apenas na área de ônibus e já estava em crise ela já tinha centenas de credores. O processo de recuperação judicial tem justamente a função de organizar uma fila de credores e evitar ao máximo um problema maior para empresas e pessoas com quem a empresa tinha dívidas.

Com toda essa novela de companhia aérea a Itapemirim não apenas não resolveu o problema com os antigos credores como também deixou centenas de pessoas na mão com passagens vendidas e não voadas. Agora a Itapemirim, falida, tem muitos novos credores. Fim da história.